segunda-feira, 25 de março de 2013

Prematuros precisam de cuidado redobrado, alertam especialistas


Roberto Custódio/JL / Talita diz que só teve a dimensão dos riscos do parto prematuro depois que a filha, Teodora, saiu do hospital
Bebês que chegam antes da hora têm predisposição a vários tipos de deficiências que podem surgir ainda nos primeiros anos de vida, mas nem todas as mães estão atentas a esse risco
O nascimento prematuro traz vários e grandes riscos para a saúde dos bebês, mas muitas mães não sabem disso. É o que mostra pesquisa realizada no fim do ano passado em 19 países, incluindo o Brasil, pela PSL Research (agência de pesquisas sobre o mercado de saúde), que apontou que 50% das mães desconhece tais perigos e creditam essa falta de conhecimento a falhas na orientação dos médicos.
Para o ginecologista Leandro Feijó Sonnberger pode haver falhas dos dois lados. A paciente pode ser desatenta às orientações médicas, devido ao excesso de informações repassadas durante o pré-natal. Por sua vez, médicos podem estar explicando esses riscos de maneira muito técnica - conduta que deve ser repensada, segundo ele. “As duas situações acontecem. Há culpados dos dois lados, não dá para crucificar ninguém.” O também ginecologista Marcelo Agudo Carvalho de Mendonça diz não acreditar em falha na orientação médica, pois o pré-natal é justamente para “ver os problemas que podem ocorrer durante a gravidez”.
Metade dos partos antecipados não tem causa específica
Segundo o ginecologista Leandro Feijó Sonnberger, em apenas metade dos partos prematuros é possível detectar a causa, como má formações no útero (mioma e presença de pólipos) e ainda infecções urinárias e genitais durante o pré-natal. “São fatores que desencadeiam o trabalho prematuro e que têm de ser analisados durante o pré-natal.” A outra metade do número de partos, segundo ele, mesmo com os avanços da medicina, ainda são uma incógnita.
Os primeiros meses de vida são os mais difíceis e o bebê que não teve complicações ao nascer geralmente atinge o “equilíbrio de acompanhamento” até os dois ou três anos de idade. Mas esse tempo de atenção redobrada pode variar conforme as condições de nascimento, a situação em que a criança se encontrava ao ter alta hospitalar e do quão prematuro foi o parto, segundo o pediatra Edison Nagata.
Projeto da UEL acompanha bebês prematuros e incentiva aleitamento
Acompanhar o crescimento e o desenvolvimento de bebês que nasceram prematuramente é o foco de um projeto desenvolvido no Ambulatório do Hospital de Clínicas pelo departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Londrina. A professora Adriana Zani, que participa do projeto, explica que a ação principal é o estímulo ao aleitamento materno de prematuros. “O aleitamento auxilia no crescimento e na imunidade dos bebês, já que geralmente eles têm imunidade menor que os demais.”
Uma das mães acompanhadas é a enfermeira Luciane Aparecida Romão Oliveira, 29. Ela começou a ter pressão alta durante a gravidez e o bebê estava com peso baixo e pouco crescimento. A filha, Isadora, nasceu com 30 semanas de gestação. Hoje a menina tem acompanhamento de fonoaudióloga e neurologista e não teve grandes problemas logo após o parto. “Ela teve um pouco de apneia, apenas”, conta.
O parto considerado prematuro é o que acontece antes de 37 semanas de gestação, segundo a Organização Mundial de Saúde. O principal perigo para um bebê nascido antes desse período é desenvolver deficiências neurológicas, segundo o ginecologista Leandro Sonnberger. As sequelas podem ser tanto intelectuais quanto afetar movimentos. Essa falha motora pode ocasionar dificuldades para a amamentação, pelo fato de os bebês não conseguirem sugar o leite da mãe. Porém, ele ressalta que não se pode generalizar. “Não podemos rotular que a causa é a prematuridade. Pode haver outra situação”, esclarece.
Teodora nasceu prematuramente, com 33 semanas de gestação. “Ela simplesmente resolveu nascer. Saiu o ‘tampão do útero’, senti a barriga pesada, o peito muito quente e daí a alguns dias, quando eu fui fazer exames, entrei em trabalho de parto”, conta a mãe, Talita Cauana Vidoti, 25. Depois do parto, o bebê teve crises de apneia e passou um tempo na incubadora e na UTI. Teodora nasceu com 41 cm e 1,8 kg.
Talita diz que só teve a dimensão dos riscos do parto prematuro depois que Teodora saiu do hospital. Hoje, dois anos e meio depois, ela ainda credita à prematuridade o fato de a respiração da filha “trancar” com mais facilidade em dias frios. Talita está mais uma vez grávida e o cuidado é redobrado. “Pelo meu histórico, de já ter tido um parto prematuro, o ginecologista disse que tem que ter atenção.”
Multiprofissional
Nos casos em que existe a confirmação de que o parto vai ser prematuro, um dos primeiros cuidados que se deve tomar é procurar hospitais referenciados nesse tipo de atendimento. Não só a estrutura deve estar adequada. A equipe precisa estar preparada para identificar as necessidades do bebê que chegou antes da hora.
O pediatra Edison Nagata explica que, após o parto, devido a vários outros riscos para a saúde, os bebês prematuros necessitam do que ele chama de “cuidado multiprofissional”. “Os bebês recebem acompanhamento de oftalmologistas, para evitar complicações visuais, como retinopatia; fonoaudiologistas e otorrinos, para cuidar da fala e da deglutição”, conta.

Fonte: http://www.jornaldelondrina.com.br/saude/conteudo.phtml?tl=1&id=1356142&tit=Prematuros-precisam-de-cuidado-redobrado-alertam-especialistas

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